O público americano está frustrado, decepcionado e cada vez mais irritado com o estado da política 100 dias após o segundo mandato de Donald Trump na Casa Branca, de acordo com uma nova pesquisa da CNN realizada pela SSRS.
Os índices de aprovação dos líderes republicanos no Congresso estão muito baixos, com os democratas se saindo ainda pior, à medida que suas bases se tornam cada vez mais negativas em relação aos líderes do partido. Quase dois terços de todos os americanos dizem que as coisas no país estão indo mal atualmente.
A pesquisa também revela uma onda crescente de medo entre os americanos em relação ao restante do segundo mandato de Trump, com muitos duvidando que os freios e contrapesos incorporados ao governo dos EUA estejam sendo suficientes para limitar as ações de Trump no cargo.
“Não estou satisfeita. Estou insegura. Estou honestamente assustada. Acho que esta é a primeira vez que posso dizer que estou com medo do que está por vir, do que aconteceu e do que está por vir”, disse Lisa Taylor, uma votante independente de Maryland que votou em Trump em 2016 e na democrata Kamala Harris em 2024 e participou da pesquisa.
Ela é uma dos cerca de 4 em cada 10 americanos (41%) que afirmam sentir medo do restante do segundo mandato de Trump, um aumento de 6 pontos percentuais desde fevereiro e 12 pontos percentuais desde dezembro.
Essa mudança se concentra entre democratas e independentes com inclinação democrata, 71% dos quais afirmam sentir medo do que está por vir durante o mandato de Trump, um aumento em relação aos 63% de dois meses atrás.
Apenas 8% dos republicanos e independentes com inclinação republicana sentem o mesmo. Este grupo alinhado ao Partido Republicano permanece amplamente positivo em relação a Trump e tem se tornado cada vez mais otimista em relação à política em geral (55%, acima dos 31% anteriores à posse de Trump), mas a parcela que se declara entusiasmada com o restante do mandato de Trump caiu de 44% em fevereiro para 34% atualmente.
Metade ou mais de todos os americanos entrevistados na pesquisa afirmam sentir que o Congresso (56%), os tribunais e juízes (50%) estão fazendo muito pouco para controlar o poder de Trump como presidente, e que o governo Trump não está fazendo o suficiente para manter o equilíbrio de poderes (53%).
A maioria dos independentes e democratas afirma que muito pouco está sendo feito para controlar Trump em todos os níveis, mas os republicanos consideram, em grande parte, o governo Trump (75%) e o Congresso (54%) como estando em busca do equilíbrio certo. Enquanto isso, a maioria do Partido Republicano considera que os tribunais e juízes estão se esforçando demais para controlar o poder de Trump como presidente (52%).
No total, 58% agora afirmam que o controle unificado dos republicanos sobre a Câmara dos Representantes, o Senado e a Casa Branca é ruim para o país, em comparação com 53% que se sentiam assim em janeiro, pouco antes da posse de Trump.
Cerca de 37% afirmam aprovar a maneira como os líderes republicanos no Congresso estão conduzindo seus trabalhos, e tanto o presidente da Câmara, Mike Johnson, quanto o líder da maioria no Senado, John Thune, têm índices de aprovação abaixo da média (23% favoráveis a 33% desfavoráveis a Johnson, 16% favoráveis a 24% desfavoráveis a Thune).
Recorde de baixa para o Partido Democrata
Mas há poucos sinais de que esse público descontente esteja pronto para se voltar para os democratas. Os índices de aprovação para os líderes democratas no Congresso são ainda mais baixos (27% aprovam, um recorde de baixa para o partido em pesquisas da CNN desde 2008) e quase metade dos adultos (46%) afirma desaprovar líderes de ambos os partidos.
Os dois principais democratas do Congresso — o líder da minoria na Câmara, Hakeem Jeffries, e o líder da minoria no Senado, Chuck Schumer — também estão com a popularidade abaixo da média (20% a favor, 27% contra Jeffries; 17% a favor e 44% contra Schumer, seu pior índice em pesquisas da CNN desde 2017).
Gregory Victorianne, um democrata de 65 anos de Los Angeles que participou da pesquisa, expressou frustração com a resposta de seu partido ao retorno de Trump ao poder: “Os democratas precisam acordar. Eles precisam colocar esse homem sob controle, colocar esse partido sob controle e nos informar em tempo real o que estão fazendo para que possamos nos manter no controle e lutar para retomar o controle da Câmara, do Senado e da Casa Branca.”
O público também está dividido sobre se Kamala teria se saído melhor do que Trump se tivesse vencido a eleição do ano passado – 42% dizem que Trump se saiu melhor do que Kamala, 41% que Kamala teria se saído melhor e 16% que ambos teriam se saído praticamente no mesmo nível.
Enquanto republicanos e independentes com inclinação republicana aprovam amplamente sua liderança no Congresso (72% dos adultos alinhados ao Partido Republicano aprovam os líderes do partido no Congresso), aqueles que pertencem ou se inclinam para o Partido Democrata são profundamente negativos em relação à liderança de seu partido: 61% desaprovam e apenas 38% aprovam.
Enquanto adultos alinhados aos republicanos se tornaram mais positivos em relação à Johnson e Thune desde janeiro, democratas e simpatizantes democratas passaram a ter uma postura mais negativa em relação aos seus próprios líderes.
O índice de favorabilidade de Jeffries nesse grupo caiu de 37 pontos positivos para 31 pontos positivos, com toda a mudança ocorrendo no lado desfavorável. E Schumer perdeu terreno significativo entre seus próprios partidários, caindo de 46% favoráveis para 11% desfavoráveis em janeiro, para 31% favoráveis contra 30% desfavoráveis agora.
Embora tenha perdido terreno em todos os setores, a impopularidade de Schumer dentro do partido é notavelmente alta entre os adultos mais jovens alinhados aos democratas, já que ele enfrenta uma pressão significativa para abrir caminho para líderes mais jovens — especialmente após sua decisão de não contestar um projeto de lei de gastos apoiado pelo Partido Republicano em março.
Entre democratas e independentes com inclinação democrata com menos de 35 anos, 14% têm uma visão favorável e 24%, uma desfavorável. Entre aqueles no partido com 65 anos ou mais, porém, as impressões são amplamente positivas, com 52% favoráveis e 22% desfavoráveis. Em janeiro, as opiniões democratas sobre Schumer se mostraram, pelo menos, ligeiramente positivas em todas as faixas etárias.
A piora nas opiniões sobre os líderes democratas ocorre em um momento em que a indignação com a política entre a base do partido em geral aumentou: 70% dos adultos alinhados aos democratas agora dizem estar indignados com a política nacional, comparados a 46% em janeiro. No geral, cerca de 45% dos americanos dizem estar indignados com a política, contra 39% em janeiro.
A maioria dos americanos na pesquisa afirma estar frustrada (63%, praticamente o mesmo que em janeiro) e decepcionada (60%, queda de 10 pontos desde janeiro) com a política nos Estados Unidos atualmente.
Parte desse sentimento negativo em relação ao ambiente político está presente em todas as linhas partidárias, com 82% dos democratas e simpatizantes democratas e quase metade dos adultos alinhados aos republicanos dizendo estar frustrados (45%).
Os partidários estão se movendo em direções opostas nesse quesito, com os democratas expressando crescente frustração à medida que esse sentimento diminui entre os republicanos.
Victorianne, democrata de Los Angeles, quer ver mais ação do seu próprio partido: “Precisamos que os políticos, os próprios democratas, que estão no poder, … nos digam: ‘Eu te ajudo’, em vez de me pedirem para abrir minha carteira.”
